Sob o título A Doutrina do Choque, a autora expõe sua tese de que os desastres naturais de nosso século, bem como as guerras e o terrorismo são cenários de uma política de choque impetrada pelo neoliberalismo. Ela parte da idéia de que o choque, que causa confusão e desnorteamento nas pessoas, é parte integrante de um fenômeno político causado pela globalização.
Na entrevista que concedeu ao periódico cultural Ñ, do jornal El Clarin de 26 de abril, Naomi Klein fala sobre o conceito de crise, fundamental para entender o que vivemos hoje, a guerra do Iraque, o combate ao chamado terrorismo. A crise do 11 de setembro, a crise do furacão Katrina, as crises que são necessárias para desestabilizar a população e, assim, implementar políticas que não seriam facilmente aceitas, caso não tivéssemos em (ela de novo) crise.

E, pensando bem, essa idéia está presente na implementação das ditaduras latino-americanas da segunda metade do século XX. A crise por que fez-se acreditar que as nações estavam passando, a ameaça comunista e a instabilidade econômica buscavam legitimar o novo governo, a chamada Revolução.
As políticas dos militares que, apoiados pelos Estados Unidos, foram astutos para negar aquilo que o grande jornalista argentino, Rodolfo Walsh – ele mesmo “desaparecido” nos centros de detenção do governo militar – acusava publicamente: usar a violência massiva para conseguir objetivos econômicos que mantinham o povo aterrorizado e eliminava obstáculos que, de outro modo, certamente teriam provocado uma revolta popular.”
A crise que nos faz mudar, que nos faz considerar as coisas de outra forma, que nos faz reavaliar, mas que não é natural. Antes disso, é forçada, provocada, impetrada por uma política que se apóia no medo, na guerra iminente e no estado de sítio.
Foto: www.vagalume.uol.com.ar
Obs: O vídeo da cobertura da 34ª Bienal Internacional do Livro de Buenos Aires está quase pronto.
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