Édipo e a ignorância

Édipo é o rei desesperado para colocar ordem em seu reino, Tebas, que passa por muitos problemas. Ele recebe do oráculo de Delfos a ordem de purificar a terra da “mancha que ela mantém”, ou seja, “expulsar o culpado, ou punir, com a morte, o assassino do antigo rei, pois o sangue maculou a cidade”. Buscando o tal culpado, cuja morte ou expulsão livrarão a cidade dos infortúnios por que passa, Édipo lança diversas maldições e investiga, até encontrar, aquele acusado pelos deuses.
Édipo cego: a vergonha do que descobriu ter feito e a punição

Em seu caminho, muitos tentam impedi-lo, inclusive sua mulher, a rainha Jocasta:

Pelas divindades imortais! Se tens amor a tua vida, abandona essa preocupação. (À parte) Já é bastante o que eu sei para me torturar! Não importa! Escuta-me! Eu te suplico! Não insistas nessa indagação!

Neste exato momento ele tem em mãos um delicado juízo: ficar na ignorância de não saber a verdade e continuar no governo ou conhecer a verdade e surpreender-se com ela a ponto de arrancar os próprios olhos e exilar-se de Tebas para que o reino volte a prosperar, agora nas mãos de outro rei.

Ele escolhe a segunda opção. E quantas vezes também já tivemos nas mãos a opção de descobrir, de conhecer, mesmo que isso possa nos levar à infelicidade, nos causar tristeza ou mesmo nos destruir? Curioso. Você preferiria a ignorância? Ou talvez a palavra seja curiosidade? Como o personagem de Cypher, em Matrix (1999), que morde uma picanha suculenta mesmo sabendo que ela, na verdade, não existe: “a ignorância é saborosa”, diz. Será mesmo?

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