13















O elevador está subindo em direção ao nono andar. Passa pelo quarto, acelera no quinto e vai voando pelo sexto.


Sétimo.


No oitavo, o visor dos números em vermelho pisca. Alguma coisa deve estar errada. Em vez de parar no nono, como solicitado ao botão, o elevador sobe mais. O visor, que devia sinalizar, pela ordem, o número dez, chega ao doze, vai ao onze, depois treze e catorze. As luzes de repente se apagam e levam um segundo para reacender.


Um segundo, será? Ouve-se um barulho que ecoa pelo fosso. O elevador dá um tranco e as correntes que o sustentam no novo, décimo ou qualquer outro piso, correm soltas. Começo a cair em direção ao abismo.


Tento me acalmar. Daqui a pouco a corrente vai segurar de novo, fica tranqüilo. No milésimo de segundo seguinte o pânico se apodera de mim. Não há nada... O elevador está caindo cada vez mais rápido. Não há nada que eu possa fazer, mas nesse instante eu sou de alguma forma impelido para cima. Minhas mãos buscam desesperadamente o interfone, mas não existe interfone nesse elevador.


A queda livre se aproxima do fim, eu posso sentir. Pressiono os botões, se eu apertar o três é capaz que ele pare no terceiro andar. Não. Aperto a campainha várias vezes. Nada acontece.


Espero já o baque e visualizo o chão, os destroços. Imagino, em uma fração de milésimo de segundo, a dor. Pelo menos eu devo morrer rápido. Morrer? Alguém tem que saber que eu estou aqui. Eu vou morrer. Alguém tem que saber que eu estive aqui, que essa merda caiu, que eu tentei de tudo para sobreviver.


Uma última tentativa. Quem sabe apertando todos os botões de uma vez eu não consigo fazer isso parar. Mas minhas mãos não conseguem preencher as duas fileiras de nove botões. É impossível. Eu aperto desesperadamente um único digito. O número 13. Treze. Treze. Treze. O elevador vai encontrar o chão. Chegou a hora. Hora de morrer. Treze. Treze. Treze.


Quando eu vejo que não tem mais jeito de escapar, acabo apelando, involuntariamente, com todo o medo, peito ofegante, pânico e descontrole, por acordar.

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