Esse sou eu, prazer.

- Uma estrada? – pergunta o caminho.

- Sim, um pedaço de asfalto. Eu cubro o solo e o solo me toca, mas eu não deixo nada cair sobre ele. Porque... Você sabe, eu sou de asfalto.

-Ah – responde o caminho. – E onde você dá?

- Eu não sei, não. Eu sou só a estrada.

- E você, como estrada, não dá em nada? Qual é o objetivo da coisa toda, afinal?

- É que pra dar em algum lugar eu preciso de um caminho. Você sabe aonde você vai dar?

- Sim. É claro que sei, uai. Eu dou no destino que as pessoas querem que eu dê. Eu só sou o caminho. Elas é que percorrem pra onde quer que elas queiram ou aonde quer que as levem.

- Entendo. Então você é só o caminho que serve para ser moldado de acordo com as tais circunstâncias?

- É, mas que circunstâncias?

- As circunstâncias do destino.

- Ih, não vem falar de destino, não. Com ele eu não tenho nada. Eu sou só o caminho

- Mas foi você quem falou em destino primeiro.

- É, mas eu sou só o caminho.

- E eu sou a estrada.

- Prazer. Muito prazer.

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