Fui assistir ao filme Tudo sobre minha mãe com a esperança de vê-lo em espanhol com legendas também nesse idioma, mas o dvd só tinha legendas em português. Droga!
Tudo sobre minha mãe
Almodóvar tem um estilo peculiar de fazer filmes. Via de regra, suas obras são dominadas por uma parte técnica exemplar, com fotografia exuberante e destaque para cores fortes, sobretudo o vermelho e o amarelo, as cores da bandeira de seu país natal, a Espanha. A direção de atores é também bem feita, indo em direção a uma dramaticidade crescente e pulsante. Mais ou menos, é esse o cinema de Pedro Almodóvar, considerado o maior cineasta espanhol vivo.

Tudo sobre minha mãe conta a história de Manuela (Cecilia Roth), cujo filho Esteban, que vive se perguntando sobre o pai e que sonha um dia se tornar escritor, é atropelado e morre. Assim, Manuela sai de Madri e parte em direção à Barcelona, a fim de achar o pai do garoto e contar toda a verdade. Lá ela encontra Huma Rojo (Marisa Paredes), uma atriz de teatro de quem Esteban era fã.

Daí o enredo será levado por caminhos provocativos típicos do cineasta: travestis e suas relações com o mundo, por exemplo. Almodóvar avança lentamente em sua narrativa para um filme cujos desdobramentos ficam intrincados. A trama é complexa e a relação entre as personagens, acima de tudo, humana e dramática.

Tal dramaticidade é o mérito do filme, que trata do humano humanizando-o. Particularmente, acho desnecessário o despudor com que o cineasta trata alguns diálogos e passagens que, a meu ver, soam exageradas, como no momento em que Agrado diz: “meu pênis? Te mostro e te deixo lamber”. Mas esse erotização é, também, marca do cineasta.
Ganhador do Oscar de Filme Estrangeiro, é um filme difícil. A ação dramática se passa no interior das personagens e de suas relações. Ainda assim, é humano e não cai no fácil melodrama. Coisas de Almodóvar.

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