Che completaria 80 anos no último sábado












A camiseta ficou famosa, a foto foi a mais reproduzida do mundo e os pensamentos de Che viraram citações nas agendas chiques de jovens da classe média. Exceção talvez de movimentos como o Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, que ainda usa as mensagens de Ernesto Guevara para buscar alternativas ao modelo hegemônico neoliberal. Mas mesmo ali, a bandeira está mais presente que o pensamento. E os olhos de Che, com o fundo de uma estrela branca em contraste com o vermelho, significam pouco ou nada. O que ele estava olhando naquele momento? O futuro da América Latina unida? Um grande bolo de chocolate? Ou quem sabe alguma mulher bunduda que passava ali?


O grande socialista e sonhador virou mercadoria. A estrela de cinco pontas, símbolo do Exército Vermelho Bolchevique, virou logotipo de marca de cerveja. E as palavras do peruano José Carlos Mariátegui, o chamado primeiro marxista da América, nunca foram mais atuais e verdadeiras, apesar de terem sido escritas há oitenta e três anos:


"A civilização burguesa sofre da falta de um mito, de uma fé, de uma esperança. O mito move o homem na Historia. Sem um mito, a existência humana não tem nenhum sentido histórico. Os povos capazes de uma vitória foram os povos capazes de mitos múltiplos."


Para ele, os mitos não seriam bem ilusões falsas, mas sim crenças mobilizadoras que condensam esperanças coletivas e desejos populares.


O mito de Che Guevara serviu para aquilo contra o que ele mais lutou: o modelo capitalista.

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