Notas - "Meu querido Vlado"















* Ditadura militar – ano de 1974. Com o fim da guerrilha do Araguaia, a luta armada de oposição ao regime se dissipou. Foi derrotada pelos militares. Os universitários de então preferiam votar nulo a votar em algum parlamentar do MDB. Não viam motivos de remar contra a maré. Era besteira, inútil, contraproducente. Então muitos deles, notadamente quem estudava na Escola de Comunicação e Artes da USP, usavam roupas estranhas, deixavam o cabelo sem pentear e passavam o dia olhando para o sol e promovendo corridas de tartaruga.

* Vlado se dirigindo à sua esposa, Clarice: “Só existem duas organizações no país com estrutura e condições de lutar contra a ditadura: a Igreja e o Partido Comunista. Como judeu, não posso entrar para a Igreja...”

* A Colina – sítio em Itapevi (Grande São Paulo) era ainda mais clandestino e blindado que os DOI-CODI.

* Ensinamentos de Vlado:
“Um telejornal de emissora do governo também pode ser um bom telejornal. Para isso, não é preciso esquecer que se trata de emissora do governo. Basta não adotar uma atitude servil.”

* Paulo Markun também foi torturado. Mas sua memória lhe prega peças durante os quinze dias em que esteve preso. São lacunas que não lhe esclarecem alguns dados nem o trajeto que percorreu. “Mas jamais esquecerei a sensação de colocar sobre a cabeça o capuz que nos entregaram mais adiante e do cheiro assustador daquele pedaço de pano negro.”

“O mais assustador era aquela mistura de ruídos. Portas batendo com força, gritos dos torturadores, urros de dor vagos e imprecisos, um rádio muito alto...”

“Entrei numa sala onde me obrigaram a tirar a roupa. Da sala ao lado, eu ouvia os gritos dos torturadores e a voz de Dilea respondendo. Percebi que minha mulher começava a ser torturada.”

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