Notas - "Na pior em Paris e Londres"












"Quando você se aproxima da pobreza, faz uma descoberta que supera algumas outras (...). E há outro sentimento que serve de grande consolo na pobreza. Acredito que todos que ficaram duros já o experimentaram. É um sentimento de alívio, quase de prazer, de você saber que está, genuinamente na pior. Tantas vezes você falou sobre entrar pelo cano - e, bem, aqui está o cano, você entrou nele e é capaz de aguentar."

George Orwell, pseudônimo de Erich Arhtur Blair, nasceu em 1903 na Índia. Depois de trabalhar como policial do Império Britânico na Birmânia, ele decidiu investigar o modo de ser da população que vivem à margem da sociedade. Quis viver como um pobre. Em primeira pessoa, o escritor relata seu caminho por Londres e Paris, onde passou fome por dias antes de conseguir um trabalho como lavador de pratos em um hotel.

Em suas reflexões, o escritor que se tornaria célebre por 1984 e A Revolução dos Bichos, fala sobre o que poderia ser feito em relação aos mendigos. Sugerindo que os albergues tivessem um esquema em que os mendigos pudessem trabalhar para se sustentarem, algo como uma horta de onde tirar alimento, o autor admite a inutilidade da vida de um vagabundo, mas se esforça para pensar possibilidades de melhorá-la. Os albergues, assim, não seriam auto-suficientes, "mas poderiam percorrer um bom caminho nessa direção e, a longo prazo, os impostos provavelmente se beneficiariam disso. No sistema atual dos anos 30 - que se estende aos dias de hoje - o mendigo é considerado peso morto e vivem em uma dieta que acaba por destruir a saúde.

Trata-se de um plano para fazer com que vidas humanas - estigmatizadas por preconceitos como "todo mendigo é bêbado", "descarados parasitas sociais", "perigosos" - sejam vividas de modo mais descente e digno, "melhorando a condição dos mendigos sem impor mais ônus às localidades".

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